domingo, 20 de novembro de 2011

Coco I

Pois a maçã preguntô
P’ras uvinha lá do cacho:
Qual o exílio da beleza?
Respondero: A Paula, eu acho.

- Mas, sô, não era o Curíntia?
Nem um milagre absurdo?
Nem chuva de margarida?
Nem o céu de Cordisburgo?

- Será que nem cachoêra?
Nem barquim de jornar?
Será que sua beleza
É maior que um enxovar?

- Maior que o mar e que o céu?
E o que o tempo na prisão?
Que meus anos sem te ver?
E que a imaginação?

- Mas será assim mesmo
Tão maior sua beleza
Que o coco do coqueiro?
E que o bão da sobremesa?

- Mais maior que a internet?
E que a barba do Mamede?
E que aquele dicionário
Sem fim do Caldas Aulete?

- E mais ainda que a Bíblia?
Que a coragem do Biér?
Que o coração do Lelê?
Que o giro num carrussér?

- Que a população da China?
Que o gado do boiadêro?
Que a peleja dum cristão?
Que a tristeza dum vaquêro?

- Mas será assim mesmo
Tão maior sua beleza
Que o coco do do Pandêro?
E que toda a natureza?

Pois as uva confirmaro,
E a maçã desconfiô.
Mas quando te vis-viu...
Virou em maçã-do-amor!

(Gustavo de Paula)