domingo, 29 de abril de 2007

A terceira margem do rio

ou com quantos
paus
se desfaz uma canoa

(Gu)

plural

Pão ou pães
é questão
de opiniães

Mas tem não
discussão
Sua graça né
Guimarão
é Guimarães!

(Gu)

... mas não podem roubar a primavera

(pra Tíntia)

Ai, ai, ai, Cintola,
Vou sair pedindo
Ao grêmio da escola:
Seu sorriso a pino!
Sem boina ou cartola!

(Gu)

segunda-feira, 23 de abril de 2007

Logística

A dor de cabeça?
A chuva leva.
O cansaço?
A chuva leva.
O desespero?
A chuva leva.
A mágoas?
A agonia?
As angústias?
Os amores mal amados?
E a tristeza?
A chuva leva.

E nesse leva
Falta o traz
E para o leva e traz
Que ela traga você pra mim.

(biel)

Poema egocêntrico

Eu...
Eu...
Eu...
Eu sou eu!

(biel)

Estações

Na prima
Na primeira
Na primavera

No outro
No encontro
No outono

Vai saber o por quê!

Das estações me sobram os nomes
E jogos palavrísticos

Lembranças?
Lembranças não
Mas ela me lembra a primavera!

(biel)

Um instante

O mar de prata se estende rasteiro no céu
Varrendo desesperos e tristezas
Com ondas ventâneas
Que parecem esmurrar e nocautear
Tudo o que me faz mal
E nesse instante
Eu estou bem.

(biel)

O bem puro

Veio luminosa
Iluminista
Iluminou meus passos

Comecei a procurar sombras
E constatei que, de fato,
Elas não existiam
E eu assustado
Desisti.

(biel)

quarta-feira, 18 de abril de 2007

teoria da revolução

parei pra pensar
não saí do lugar

(biel)

domingo, 8 de abril de 2007

Livre-Queda

pulei...
pro nunca mais
pra sempre
e o fundo do fim findou
e não tinha fundo ou fim
e Eu fui feliz

(biel)

Correção

Esses 2 últimos poemas são meus, do Gu... desculpa não ter assinado... esqueci...

sexta-feira, 6 de abril de 2007

Vésper

É muito bom quando a fofa da Tristeza chega com hora marcada!
(Por exemplo quando a gente sabe que a vó da gente vai
morrer
no mês que vem)

Porque daí dá pra gente sentir o calor da espera
Dá pra gente arrumar a casa direitinho
com muito carinho
A gente espalha flores pela calçada
geometricamente,
como fosse espontâneo

E a gente chama as borboletas,
os beija-flores,
as joaninhas,
todas as cores
para enfeitar nosso jardinzinho e dar as boas-vindas

Depois faz faxina completa com bastante dedicação e felicidade
Deixa o banheiro limpinho e cheiroso
Bota a roupa de cama mais macia e com mais cara de mãe
Prepara uma comidinha bem caseira
Nada de coisas francesas,
É arroz, feijão e carne moída mesmo!
mas com o tempeirinho mais terno
de uma ternura ancestral
Faz limonada
Arruma as almofadas muito alinhadas
Por fim, escolhe o disco mais triste (apesar da alegria) e deixa rodar...

Pra humildemente fingir espanto quando a tão amada quanto esperada Tristeza chegar
E convida-la pra ficar
perdoando a bagunça.
Prefiro os amores improdutivos
Aqueles que não rendem uma vírgula
Um título sequer
Aqueles que não podem ser contados em sílabas simétricas

Que não podem ser manchados pelo mijo
dourado (sorriso amarelado)
Icterícia das palavras

E nem podem ser vendidos nas estantes da livraria

Feminina

Tais belos músculos o que serão
Senão a prisão d'alma, meu amado?

(quanto mais fortes os músculos
mais inquebrantáveis grades!)

Abrigar-me-ei nos teus braços e aflita
Segredarei o caminho da liberadade

Quando puderes voar
Lançaremo-nos rasantes.

(Gu)

Manuel Bandeira no Céu

Quando o Manu se encantou
(ele que, anjos viu, nos vermes)
Os vermezinhos tão gratos
Logo foram libertando
Sua alma com muito afeto

Até que o Manu subiu
Que nem fosse balãozinho
Na noite de São João
Alumiando tudinho!

E chegou no Céu, sem-jeito,
Chamando Deus de Senhor
Foi quando Ele secundou:
-Fala assim, não, meu caboclo,
Que me sinto muito velho.

(Gu)

Edipiano

Foram verruguentas desilusões
Estouraste todos os meus balões

Quebraste todos meus lápis de cor
Pisaste bem forte na minha flor

Não me venhas com teus doces, teus sóis
Não beijo mais tuas iscas - anzóis.

Sai com essa envelhecida alegria
Se a noite a acompanha, pra que o dia?

Chega... que quero re-provar teu beijo
De sabor de goiabada com queijo...

(Gu)

quinta-feira, 5 de abril de 2007

A fome

Eu co-ria, correndo, pra criança que sorria, so-rindo, no nosso metrô
Ela sempre_ssa eu nessa de ter presa. A pressa do mundinho de São Paulo.
Mas tudo vai tão bem que quem fo(r)me dizer o que é, eu respondo:
Sou e sou feliz so-rindo como a criança num esbaldar-me de rir!
(E quero muito almoçar ao lado dela!)

(biel)

quarta-feira, 4 de abril de 2007

A partida

Um carro avançou sobre os cavalos
Um dirigível atropelou uma velhinha
Uma nuvem caiu na minha piscina
Um dragão queimou o meu churrasco
Um vândalo me beijou
Uma vaca tossiu
E uma menina pegou um táxi.

E tudo isso ao mesmo tempo
E tudo isso na minha cabeça
E tudo isso aconteceu
E tudo isso era loucura
E tudo isso era eu
E tudo isso quando ela entrou no táxi.

(biel)

A ave que não pode ser nomeada

As nuvens avançam sobre mim
Como tigres insolúveis no ácido das minhas mágoas.
Também no negro da min há solidão,
Se aconchegam cobras coloridas.
Dançam cobras e tigres
Num balé de todas as cores
E morto.

Varando o noturno calabouço das ruas
Talvez desvencilhada do Sol
Ou da estrela maior e mais vital do universo
A cada batida de suas asas
Explosão de vida
E no seu canto, a paz mais poderosa e luminosa,
O acalanto mais feliz!

(biel)

domingo, 1 de abril de 2007

Embolada pra Bia

Pois é agora que eu digo
Ninguém mais me põe calado
Pra quem tiver bom ouvido
Além do rabo encurtado:

-A Biboca é um perigo...
Os óio todo estrelado
As fulô do verde pino
Inveja os assafirado

-A Biboca é um colorido
Linda pra qualquer agrado
Fica quieto os passarinho
Se ela aparece um bocado

Pois agora eu abro o bico
Todos dente destravado:
-Deus esteja bem contigo
E eu, indigno, ao seu lado.

(Gu)

Alexandrino irônico

A Lu coleciona moedas de um centavo.
Ai, que não vale nem um centavo esse Gustavo...
Ser ou star?

(Gu)

saudade...

sal dá de
varejo
nos olhos
se não
te vejo

(Gu)