sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

café da manhã

a água é fria, mesmo numa manhã de sol
não deu tempo que se aquecer nas caixas d'água sobre as lages de um bairro pobre
ainda há resquícios do frio da madugada que o impede de levantar apenas de cuecas

na pia:
dois pratos
duas taças
dois garfos
duas facas
duas tacinhas de sobremesa
duas colheres de sobremesa

nas mãos:
o gosto frio da água
a esponja
o detergente

no peito:
batidas aceleradas

nas costas:
as marcas

na cabeça:
a lembrança

na cama:
ainda o corpo nu estendido no calor dos lençois que o frio da madrugada desta vez não alcançou.

(biel)

3 comentários:

Elfa disse...

Uuuuuuuuuuuu... suspiros...

Unknown disse...

Q lindo!
Q erótico! ;)
Bem escrito!

Tavão disse...

é, envelheci o bastante para ler seus poemas! lindo, lindo! :P