Aconteceu num dia tipicamente paulistano. A manhã assoberbada por uma série de compromissos, obrigações, responsabilidades, que não se acomodariam à manhã nem que ela tivesse 6 horas a mais do já tem. Saí uns minutos atrasado, abandonando alguns deveres; esperei muito tempo o ônibus. Que, não satisfeito em atrasar, resolve se quebrar no meio do caminho. Outra longa espera, sob o sol à pino ardido. Cheguei na escola quase 2 aulas inteiras atrasado, prestes ao recreio, já sem voz para me desculpar diante da Diane, das nossas crianças, nem de mim mesmo - afinal de contas, dentre tantas razões boas e melhores, como vou eu cobrar disciplina dos meninos, se eu não a tenho nem de chegar no horário estabelecido? O Victor me chamou. Abri os lábios para dizer que já ia, a voz definitivamente decidiu não sair e se esconder lá no fundo, apenas balancei a cabeça cabisbaixa e fui em direção a ele. Me abaixei para ouvir o que ele queria, temeroso. Ele deu uma fungadinha esperta nos meus cabelos e disse sorrindo satisfeito:
- Olha, gente! O professor tá com cheiro de sol!
Um comentário:
Lindo! Capaz de consertar tudo!
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