segunda-feira, 29 de agosto de 2011

a cidade

a cidade seca o que toca
vira fumaça
e é no olho
que tudo começa

domingo, 28 de agosto de 2011

bucólico

há aqueles que dizem
por dizer

olhos fechados
o sol incomoda

deslizar a mão sobre a terra
sentir as raízes de uma árvore próxima

é preciso dizer
e de olhos fechados

os braços
abraços
bracinhos
mãozinhas
mãos
e mesmo barba

(um olhar
ali
não me achava
louco)

Soneto da inclusão I

Nada mais de cachorros nem de gatos
Nem de chinchilas e nem de coelhas
Nem de porquinhos-da-índia nem de ovelhas
Nem de hamsters nem de papagaios

Nem de cavalos nem de vacas gordas
Nem de galinhas nem de três porquinhos
Nem mesmo dos formosos menininhos
Nem dos docentes, das coordenadoras...

Enfastiou-se desse povo alto:
Em cada disciplina, nota azul;
A dispensar, dos médicos, o laudo.

O que domesticou foi canguru,
Que, pelo gabinete, saía aos saltos,
Quando mirava a vara no seu cu.

(Pau no Gu)

Haikai da avaliação I

Olha, seu maldito,
Sua tia do primário
Já lhe tinha dito!

(Pau no Gu)

Soneto da diversidade I

A fila dos meninos, à direita.
A fila das meninas, para o teto.
A fila dos travecos, à espreita.
Fila dos hermafroditas, correto!

A fila dos gayzinhos, para o centro.
Fila das lésbicas, sentido Meca.
A fila dos andróginos, por dentro.
Fila das drag queens, seguir a seta.

A fila dos hijiras, na antessala.
Fila dos queers, prêmio com o Prefeito.
Fila dos simpatizantes... aceito.

Fila dos assexuados, rala peito!
A fila dos eunucos, abram alas.
Agora já podemos ir pras aulas.

(Pau no Gu)

Pas de deux (ou do casamento) I

(por supuesto, à Bailarina)


Pois que não se pode,
Em areias movediças,
Nem dançar pagode.

(Gustavo de Paula)

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Do alto

O vento sobre as pálpebras
De leve
Alinha a sobrancelha
Devagar
Alisa a testa
Quase num afago

O cabelo de leve começa
A mexer-se
Um frio invade pelo pescoço
A camiseta
E um ruído
sopra as orelhas

De leve
(Lhe sobrou tempo)
Coça a bochecha ainda
Ressentida do beijo