a língua toca a calçada
na chuva,
lixa sangrando as papilas gustativas
num vigor de moço jovem que ainda sou.
espero um gozo enternecido
um vão.
mordo o concreto,
ela não geme;
cravo as unhas no asfalto,
ela não se arrepia;
penetro a boca de lobo,
ela não me dá prazer.
resta uma raiva sulfurosa,
uma úlcera de adormecer ao gosto do café
e vê-la toda disposta:
lânguida vertical pernas abertas,
invaginando a todos.
ninguém sai incólume
quinta-feira, 14 de junho de 2012
sábado, 5 de maio de 2012
terça-feira, 1 de maio de 2012
do travesseiro
como seriam todos os dias
não dias fossem o que são?
dias
dia a dia
dia após dia
dia após o outro
esse outro que ergo
com a força das pálpebras
outro que não posso ter
dia que não acontece
não dias fossem o que são?
dias
dia a dia
dia após dia
dia após o outro
esse outro que ergo
com a força das pálpebras
outro que não posso ter
dia que não acontece
segunda-feira, 30 de abril de 2012
domingo, 29 de abril de 2012
sujo
Desmundos desabam.
Que me inundem
imundícies
daquelas não ditas por aqui.
E que a ti também te tinjam.
De lodo te cubram
e te enlacem líquidas a escorrer pelo teu corpo.
É na sujeira que te faço homem
que te faço mulher
e
que me afogo
em sonhos cristalinos.
Que me inundem
imundícies
daquelas não ditas por aqui.
E que a ti também te tinjam.
De lodo te cubram
e te enlacem líquidas a escorrer pelo teu corpo.
É na sujeira que te faço homem
que te faço mulher
e
que me afogo
em sonhos cristalinos.
quinta-feira, 26 de abril de 2012
diário
com o estômago dissolvido em café
o chiclete na boca o mantém acordado
o som das teclas é nauseante
o desenho das letras que pululam na tela é repugnante
de próprio punho
esmurra a faca
desejando antes fosse espelho
ou reflexo
mas nenhum
ou ambos
ou triplos esforços
e ele se senta
na mesma cadeira
o chiclete na boca o mantém acordado
o som das teclas é nauseante
o desenho das letras que pululam na tela é repugnante
de próprio punho
esmurra a faca
desejando antes fosse espelho
ou reflexo
mas nenhum
ou ambos
ou triplos esforços
e ele se senta
na mesma cadeira
segunda-feira, 9 de abril de 2012
o reino
da masmorra
a condenação da princesa não parecia ruim
mas dá
uma vontade
de chamá-la
pro lado de cá
onde os delatores não a alcançarão
e onde
só
se entra
com as unhas
(biel)
a condenação da princesa não parecia ruim
mas dá
uma vontade
de chamá-la
pro lado de cá
onde os delatores não a alcançarão
e onde
só
se entra
com as unhas
(biel)
terça-feira, 7 de fevereiro de 2012
caminhada
Tenho pernas grandes
não corro atrás de bola
tenho pés ligeiros
não danço.
Tenho passos largos
Degraus,
de dois em dois
como tudo deve ser.
Mas algumas escadas insistem,
para meu desespero
e para o sarcasmo no sorriso do canto das bocas de engenheiros
e arquitetos,
que desenham e executam
sempre
um número ímpar de degraus e
me encurtam o último
e decisivo passo da chegada.
(biel)
não corro atrás de bola
tenho pés ligeiros
não danço.
Tenho passos largos
Degraus,
de dois em dois
como tudo deve ser.
Mas algumas escadas insistem,
para meu desespero
e para o sarcasmo no sorriso do canto das bocas de engenheiros
e arquitetos,
que desenham e executam
sempre
um número ímpar de degraus e
me encurtam o último
e decisivo passo da chegada.
(biel)
liberdade
dois quilômetros
pé na porta
dezesseis tiros no peito
e a impossibilidade de salvá-la do estupro não tão inevitável de que gozava.
(biel)
pé na porta
dezesseis tiros no peito
e a impossibilidade de salvá-la do estupro não tão inevitável de que gozava.
(biel)
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