sábado, 23 de junho de 2012

uma noite

navalha cega debaixo da pele
navega solta do cerne da carne
viaja sedenta em busca do gozo
deságua ardente no pulso da noite

risada larga de dentes mordidos
fumaça sujando de leve o horizonte
obscura paisagem derrete de leve
revela seu brilho diante do luar

ainda sangrando a noite descalça
esmaga no asfalto os últimos sonhos
rasga na carne os últimos desejos
cabendo inteira na palma da mão

Um comentário:

Tadeu Renato disse...

Cacetada. Muito bom, a musicalidade, as imagens. Só uma avaliação erudta pode dar conta deste poema: putaquepariu!