navalha cega debaixo da pele
navega solta do cerne da carne
viaja sedenta em busca do gozo
deságua ardente no pulso da noite
risada larga de dentes mordidos
fumaça sujando de leve o horizonte
obscura paisagem derrete de leve
revela seu brilho diante do luar
ainda sangrando a noite descalça
esmaga no asfalto os últimos sonhos
rasga na carne os últimos desejos
cabendo inteira na palma da mão
sábado, 23 de junho de 2012
quinta-feira, 14 de junho de 2012
FIM DE TARDE
a língua toca a calçada
na chuva,
lixa sangrando as papilas gustativas
num vigor de moço jovem que ainda sou.
espero um gozo enternecido
um vão.
mordo o concreto,
ela não geme;
cravo as unhas no asfalto,
ela não se arrepia;
penetro a boca de lobo,
ela não me dá prazer.
resta uma raiva sulfurosa,
uma úlcera de adormecer ao gosto do café
e vê-la toda disposta:
lânguida vertical pernas abertas,
invaginando a todos.
ninguém sai incólume
na chuva,
lixa sangrando as papilas gustativas
num vigor de moço jovem que ainda sou.
espero um gozo enternecido
um vão.
mordo o concreto,
ela não geme;
cravo as unhas no asfalto,
ela não se arrepia;
penetro a boca de lobo,
ela não me dá prazer.
resta uma raiva sulfurosa,
uma úlcera de adormecer ao gosto do café
e vê-la toda disposta:
lânguida vertical pernas abertas,
invaginando a todos.
ninguém sai incólume
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