quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Excerto de relatório de estágio

DA PROFESSORA:

Não se saberá que descaminhos me trouxeram aqui, mas se alguém, aliás, souber, pode me contar, em sendo da vontade, um dia, mas pra quê tantos seios?
Ela parece minha esposa. E tem muitos anos já, de vida; o que faz parecer também que eu sou casado de longa data. E eu olho ela ardendo, como se fosse e sendo virgem. Parecemos pais, durante 5 horas diárias, de muitas crianças.
Ela é tão linda mãe... Rigidamente linda, carrancudamente linda, severamente linda, amorosamente linda. Tem solução pra tudo, ela! E não é, assim, que ela fique pensando pensando e ache uma solução: mal o problema quis acenar existência, de longe, e ela já resolveu.
Podia bem ser minha mãe também.
Ela traz marcas, na barriga, nítidas de que já foi mãe. Duas vezes. Tamanhamente sensuais os sinais de gravidez. Eu é que não queria uma mulher que não fosse mãe! Aquela chapação de barriga: eca! Tô é fora! Às vezes, dá pra ver um pouquinho da barriga.
Isso tudo porque vocês não viram as mãos dela! Era, um dia, ela passando cola nos cartazes com as mãos nuas. Aí foi que a mão dela ficou linda no seu esplendor. O branco da cola no branco das unhas sem esmalte no moreno da pele. Eu queria mais que ela me pegasse aquela hora e que a cola grudasse mais pra sempre.
Mas pra quê tantos seios?
Gosto quando ela escreve na lousa. Ela anda rebolando rebolando rebolando... Mesmo se caminha pra dar bronca.
Quando ela aparece, todo mundo fica em silêncio. E querendo ouvir e aprender. Ela é tão mas tão mãe, e tão linda mãe, que, na minha ausência, ela vira pai também. E eu até tô aprendo a ser pai, crê? Aprendendo, a duríssimas penas, a deixar de apenas amar, apenas sorrir, apenas chorar, apenas ser amigo, aprendendo a ser pai.
Ela fala o tempo inteirinho, mas não consigo ouvir metade do que ela diz. É porque ela diz muito mais fazendo que falando. Fazendo. Aí eu ouço. Com toda a atenção. Ouço ela se cansando e superando o cansaço, ouço ela rindo, ouço ela fazendo o que ninguém mais faz. Nem ouve? Nem houve?
Quando ela cruza os braços, sobram sobre os braços os tantos seios de quem já amamentou, enquanto a barriga de quem já engravidou por 18 meses sobra sob os braços. Eu queria morder ela todinha. Devorar ela. Até não sobrar sombra. Fazer ninho pra ela na minha cama.
Queria cozinhar pra ela, lavar sua calcinha e seu sutiã. Ser a esposa dela. Queria fazer blusa de lã, pra esquentar ela naquela sala fria. Bordar seu sutiã. Medir o tamanho do sutiã. Calcular o tamanho. Espremer tudo aquilo numa fórmula.

(Gu)

5 comentários:

biel madeira disse...

esse gustavo não se emenda!

Danilo disse...

Uma das coisas mais lindas que já atingiu meu queixo numa manhã. Fodido.

Anônimo disse...

Gu!! Ai, q gostoso de ler!! Q gostoso de pensar tbm!! Tava com saudades dos seus textos.. =D

Jonatas disse...

Que delícia! Tanto que também me faz querê-la (a minha) mais. hahaha.

Incrivelmente sensual! Essa pequena parte já me faz precisar de análise por muitos dias! hehehe.

_h5_ disse...

ta faceiro heim! mais um pouco e eu te agarro