sábado, 31 de março de 2007

Despertar da primavera

-Sonhos! Sonhos, sonhos são
apenas ilusão
espalhada pelo chão!
-não! assim não pode ser
me fale um pouco de você
ah! eu quero te aprender

porque...

o céu cravejado com o negrume dos teus olhos
sorriu pra mim
as areias do deserto que cercavam tua alma
tiveram fim
enfim

- eu tenho medo
eu tenho medo de te ter
e ter que te perder
-eu não sei o que me deu
mas não vou te perder!

em você demora o meu querer
-e você a diferença pode ser

a nuvem que vagava carregada de tristeza
enfim choveu
o jardim de folhas mortas com um monte de vampiros
floresceu

e a primavera se deu
nos seus olhos

e um pouco mais além

e uma flor se abre no Japão.

(biel)

Meu Erro

A erroneidade dos amores fáceis
Criptografa o Amor.

Atenta a tantos erros
(tanto assim já foi erro!)
Me encontro perdida
Salva do vazio pela amizade

Nublam-me seus olhos
Pouco me vêem além
(máscaras que teus olhos me dão)

E o caminho errado é sempre o mais fácil.

(biel)

Há Abismos

Há abismos no caminho
Fios, eletrônica, máquina,
Quero-te toda, inteira, perto.
Ver-te suaviza a visão do mundo.
Cansei de beijar o telefone depois que você desliga.

(biel)

Meus delírios

Talvez em delírio
Eu tenha visto
Cena tão linda
Incompreensível aos olhos dos homens

Talvez em delírio
Eu tenha visto
Um brilho em seu olhar
No canto, quase nulo

Talvez em delírio
Eu tenha o desejo
De ligar os pontos que não saem de si
E assim me encontrar

Por meus delírios
Eu vivo
Em delírios de febre
Que tenho por ti
Por teu corpo


Talvez em delírio
Eu tenha perdido a essência de mim mesma
Por ter me procurado
E ter te achado.

(biel)

A morte das palavras de amor

As palavras de amor
Saem tão lindas de seus lábios
E morrem mornas nos meus
Pois não são pra mim.

(biel)

No espelho

Te encontrar
Bem mais perto de mim
Do que eu mesma
Ressuscita-me numa vazante
Numa jorrante hemorrágica fumegante
Redescubro-me em ti
Como num espelho:
- Saia já do espelho!
Invada o meu desespero!
Atenda o meu apelo!
Pelo amor de Deus!

(biel)

Poema perdido

Como ele é lindo
Direto e simples e exagerado
Sem exageros
Ele soa como tudo
Dentro de mim
Gabriel é um anjo
Tudo é suave
Nos estrondos da caneta de Garcia Márquez.

(biel)

Cadê o final feliz?

Hoje ela me ligou.
Pairei sobe as nuvens rosas
Vesti-me de rosa
Invadiu-me um ar de conto de fada
Devíamos ser cor de rosa
Seríamos felizes para sempre
Ao lado dela
Meu amor me eleva
Até um estado de hemorragia
Numa vazante interna imperceptível prá ela..
Um suicídio a mais
Pra mim.

(biel)

O encontro

Quando ela desfila
Despercebida da multidão que a rodeia
Cria um novo padrão de beleza
No qual se faz único exemplo

Seus olhos exalam
O mais doce perfume luminoso
Refletindo sua alma
Tal que quando pensa em vir
Já aguardo sua chegada

Em suaves melodias
Dançam seus cabelos
E a pele deslizante esmorenada
Lança-me olhares convidativos

Na chuva quando brinca
Se divertindo com as poças
Não há Elis mais Elis que ela
Não assim tão singela
Que me apaixone mais

Mas há nela mais que ela
Pois nela vivo eu mesma
E eu quero sempre me encontrar.

(biel)

A mais tortuosa e difícil vereda

E a vida explodiu no vazio
E aí venho eu
Numa amálgama com o meio
No vão do vácuo vital

Recorrendo a recursos místicos
Transcende a barreira do inexistente
Atinge em cheio meu peito medroso
E o temor escorre entre minhas pernas

O amor H
Na fusão de um mesmo núcleo
Une o teu e o meu mundo
Na nossa vida

Agora preenchida
Pelo encontro das veredas mais tortuosas e difíceis
Pelo esforço da transcendência do amor
Ao me levar a mim mesma em ti.

(biel)

Ilusão

Eu vi você nadando
Naquele leito seco de rio
Onde eu antes me afoguei
Com as mãos fugidias das minhas
E lembrei daquele verão
Que os teus beijos esquentavam
Quando suas mãos sombreavam meu corpo
E enfim nossas vidas encontradas
Lembrei também da mentira
Da ilusão de ótica
E da ilusão das lembranças.

(biel)

A natureza

A pele deslizante
Feito águas de rio manso esmorenado
Enchenteando um olhar calmoterno

Cada elemento teu
Era uma característica da natureza
(face feminina de Deus)

Mas daqui de baixo
Meu olhar estático perdeu minha alma
Que voa com os anjos ao teu redor.

(biel)

Sua falta

Tua ausência
Pela primeira vez
Tanta angustia me causou

O relógio não andou
E três anos se passaram
Três eternidades...

E eu vim
Louca prá te ver
Prá te abraçar

E não vieste
Mas a gente espera o amanhã
Mais um dia, um ano, uma eternidade...

(biel)

Aceitação do amor

Minha vida leve flutua
Linda e louca
Ah! Lá vem Elis
Ah! Lá vou Clarice
Tão mal chego a ela
E ela me abraça, que delícia
Sim eu amo Elis
Com todas as letras
Com as letras das melodias
Com o mel das abelhas
Com a intensidade suave da lua
Com a face dela livrando minha alma
Limpando as impurezas almísticas
Linda.

No balanço de seus passos
Flutua leve minha alma.
No brilho do seu sorriso
Morre um beijo meu, louco pra nascer
Eu te espero Elis
Eu espero até que olhes
Eu espero até que sintas
Quão linda flutua nossa vida
E a minha de eterno encontro a tua...
Linda, leve, flutuante e louca Elis.

(biel)

Necessidade

Por onde vagueiam meus eus ?
Por onde passeiam os teus?
Os meus em topos de montanhas
Os teus em mim

Me adivinho ao teu lado
Te adivinho adentrando minha casa
E como se fosse encantado
Toco o vazio e sinto você

Tão dentro de mim
Que já tenho-te comigo
E não preciso tê-la presente
Mas necessito vê-la feliz.

(biel)