quarta-feira, 29 de agosto de 2012

líquidos perfumes

Sereia com asas
cantava profundezas
flertar com Hades
para
desposar Poseidon
causar a discórdia no de dentro do mundo

No trato com zéfiro
percorrer a superfícies das águas
espalhando doces perfumes
espelhando uma dança com Narciso
separando-se de Poseidon
salivando o celebrado e irresistível canto

O paladar aguçado para os gostos da vida
o toque de cetim na palavra que quase repousa sobre a língua

Pedras, rochas e areia
Tornava tudo tão seu

uma profusão de palavras
vogais
consoantes e separações
silábicas
arque-
-estradas para um bem diferente
destino

Nas asas
a sereia bailava
Nas águas,
se encantava
Na terra,
pérola
aos porcos

terça-feira, 28 de agosto de 2012

COTIDIANO II

A cada dia
dia após dia
eu me repito
de uma forma
ex-at-am-en-te
igual:
historia mal contada
piada de mal gosto
um final repetido
por amor às causas
todas elas
perdidas

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Minha roma

Incendeio a cidade com os sóis das constelações do teu corpo
Nero, com a lira na ponta dos dedos
vejo queimar
ouço os gritos
vejo os corpos se retorcerem consumidos

Olha pra baixo e vejo as estrelas
e nas estrelas me atiro
lambo os sóis que despontam no universo
e neles me afogo, me curo e incendeio
a cidade
concreta
derrete